Slow living: como desacelerar e aproveitar o presente

Entenda o que é e como adotar o slow living para a sua vida
A vida moderna é muito agitada. Fast food, fast delivery, assistir vídeos e ouvir áudios em velocidade 2x, prazos “para ontem”, novas informações bombardeando os celulares a todo instante, tendências que vêm e vão num piscar de olhos.
É tudo muito frenético e exigente, o que pode gerar uma série de problemas físicos e mentais. Um exemplo muito claro disso é o burnout – o esgotamento que sempre existiu, mas que se tornou ainda mais presente a partir da pandemia.
O slow living vai na contramão. A proposta da “vida lenta” é autoexplicativa: desacelerar a rotina, curtir o momento e viver um dia de cada vez.
O que é slow living?
O slow living pode ser um conceito novo para muita gente, mas seu nascimento aconteceu na Itália nos anos 1980 junto com o slow food, movimento criado pelo italiano Carlos Petrini para incentivar a culinária local e receitas tradicionais.
A alternativa do fast food é dar o tempo necessário para que a comida seja preparada, o que garante mais sabor, qualidade, autenticidade e conexão emocional com os pratos.
Seguindo a mesma lógica, o slow living acredita que a correria é sinônimo de uma vida caótica e potencialmente perigosa – não somente para a saúde, mas também para as relações.
Ao desacelerar, é possível focar naquilo que realmente importa, como os pequenos prazeres do dia a dia, os relacionamentos com pessoas queridas, o autocuidado e até mesmo a dedicação ao meio ambiente a partir da diminuição do consumo desenfreado.
Fazer nada, segundo os adeptos de slow living, é um ótimo remédio para o corpo e para a mente. Emma Gannon, podcaster e escritora do livro A Year of Nothing, conta em sua obra como foi a experiência de passar um ano inteiro descansando depois de sofrer um burnout por causa do trabalho.
Para compensar todas as vezes em que se sentia cansada, fora de foco ou tinha dores de cabeça, Gannon adotou uma rotina leve e sem pressa. À BBC, ela contou que assistia TV de manhã, nadava, observava os pássaros e escrevia em um diário.
De acordo com ela, tudo isso foi muito importante, já que “nada vale mais que [a] saúde”.
Como aderir ao slow living?
A decisão de Emma Gannon foi radical, mas condizente com sua realidade. Ficar tanto tempo sem trabalhar, no entanto, não é uma opção para a grande maioria das pessoas.
Com as responsabilidades profissionais, não é fácil fugir de agendas atarefadas, demandas urgentes ou problemas de última hora. Tudo isso foge do slow living, mas são elementos quase impossíveis de evitar.
Mas isso não significa que adotar uma vida mais tranquila seja apenas um sonho distante. Existem algumas atitudes que podem ajudar qualquer um a desacelerar e aproveitar o presente.
Desconecte-se
A velocidade e a intensidade das redes sociais são capazes de sobrecarregar qualquer um. Para viver uma rotina mais tranquila e sem tantos estimulantes prejudiciais, reduza o seu tempo de tela.
Existem várias maneiras de fazer isso, como estabelecendo um horário específico para deixar o celular de lado, desativando as notificações ou deletando aplicativos que mais tomam o seu tempo.
O segredo é ir com calma, permitindo que o seu cérebro assimile o novo hábito. Pode ser difícil no começo, mas é perfeitamente possível se acostumar ao longo do tempo.
Lembre-se que um dia a sua vida não dependia de vídeos curtos, fotos de famosos ou joguinhos de celular.
Adquira novos hobbies
Ao diminuir o uso de dispositivos digitais, você terá mais tempo para se dedicar a outras atividades. Adquirir novos hobbies – ou recuperar atividades negligenciadas – é uma ótima forma de encontrar prazer e diversão sem se ver presa em negatividade.
Andar de bicicleta, caminhar, praticar um esporte, ler, cozinhar, tocar um instrumento, bordar, escrever… Desde que permita que você respire novos ares, relaxe e possa aproveitar cada momento sem pressa, tudo é válido.
Qualidade acima de quantidade
O slow living entende que simplesmente abandonar determinadas atividades não é algo viável para todo mundo. O truque, portanto, é focar na qualidade das ações.
Se você gosta de ler, por exemplo, não tenha pressa para terminar um livro. No lugar de folheá-lo rapidamente apenas para marcar mais um título na sua lista, procure degustar a história, absorver os diálogos, compreender significados.
Faça anotações, pesquise sobre os temas e busque contextos para que a leitura seja ainda mais completa e prazerosa.
Aproveite as refeições
Como dito anteriormente, o slow living surgiu com a ideia de slow food. O conceito não nasceu apenas para combater os malefícios do fast food, mas também para encorajar e recuperar a conexão das pessoas com a comida.
Em uma rotina agitada, é normal apenas “engolir” a comida sem verdadeiramente saboreá-la ou até mesmo pular os horários das refeições para substituir com alguma tarefa que exige produtividade e resultados.
Os alimentos são mais do que combustível para sustentar e nutrir o corpo. A hora de comer pode ser um momento muito precioso de cuidado, carinho, memória afetiva e fortalecimento de conexões.
O simples ato de sentar ao redor de uma mesa com pessoas importantes é algo extremamente valioso para a manutenção de relacionamentos. É exatamente daí que vem o tradicional almoço de domingo em família.
Quando for comer, mastigue devagar, saboreie, descubra as sensações no seu paladar, permita-se aproveitar cada mordida. Além de gostoso, essa também é uma forma de respeitar o alimento e quem o preparou.
Durma
Poucas coisas são tão prazerosas quanto dormir. Não custa nada, faz bem para a saúde e proporciona sensações incríveis.
Mas em tempos baseados em velocidade, boas noites de sono se tornaram raridade. Seja pela falta de tempo, hábitos nocivos ou até mesmo pela culpa de descansar causada pela obsessão por produtividade, dormir está cada vez mais difícil.
Nos seus tempos livres, durma. Não há maneira mais eficaz de limpar a mente do que dormir uma noite inteira ou tirar aquele cochilo no meio da tarde. Os espanhóis sabem muito bem disso – já ouviu falar de siesta?
Se você tem dificuldades para dormir, tente alguns métodos: desligue as telas, tome um banho revigorante, deixe o ambiente escuro e confortável, elimine ruídos, coma alimentos leves à noite, beba um chá quente ou use óleos essenciais relaxantes. Se nada der certo, considere procurar ajuda profissional.