Moda em páginas: 5 livros imperdíveis
Falando de estilo, indústria, arte, sentimentos e problemáticas sociais, esses livros de moda vão te fazer enxergar a universo fashion com outros olhos
A moda é um conceito amplo e cheio de nuances. Ao mesmo tempo em que é arte e expressão, também é produto. E da mesma maneira que inspira e tem conexão direta com tudo aquilo que constrói o ser humano, também é uma indústria bilionária que gera milhões de empregos ao redor do globo.
Para explorar os diferentes lados do mundo fashion, listamos 5 livros de moda que você precisa conhecer.
1 – A Batalha de Versalhes: A noite que mudou a história da moda, por Robin Givhan
O livro de Robin Givhan, editora de moda e escritora reconhecida com o Prêmio Pulitzer de Crítica, conta a história da famosa Batalha de Versalhes, um desfile que abalou as estruturas da indústria para sempre.
No dia 28 de novembro de 1973, um evento foi organizado para arrecadar fundos com destino à reforma do Palácio de Versalhes, na França. Apesar do propósito beneficente, o desfile mexeu com o ego de grandes profissionais.
Com organização da assessora Eleanor Lambert e curadoria de Gerald Van der Kemp, o desfile foi, na verdade, uma competição entre França – já estabelecida como a grande capital fashion do mundo – e Estados Unidos – cujo intenso crescimento do setor ameaçava a hegemonia europeia.
Estilistas renomados participaram da batalha. Do lado francês, Yves Saint Laurent, Pierre Cardin, Marc Bohan, Emanuel Ungaro e Hubert de Givenchy. Do lado norte-americano, Oscar de la Renta, Halston, Stephen Burrows, Bill Blass e Anne Klein.
Convidados ilustres também participaram do evento, como a Princesa Grace Kelly, Andy Warhol, Liza Minnelli, Joséphine Baker, Jacqueline de Ribes, entre vários outros. Ao todo, foram mais de 700 espectadores.
A Batalha de Versalhes mudou os rumos da moda por dois grandes motivos. O primeiro foi o reconhecimento francês de que os Estados Unidos haviam alcançado grande relevância na indústria. Já o segundo foi a representatividade – das 36 modelos, dez eram negras, algo inédito para a época.
2 – Por dentro da moda: Definições e Experiências, por Dinah Bueno Pezzolo
Por dentro da moda é descrito como uma espécie de almanaque que aborda os principais momentos do universo fashion, como seu desenvolvimento, a criação da alta-costura, períodos de crise, o movimento prêt-à-porter, designers de destaque, a importância de Paris, entre outros tópicos.
Finalizado com um glossário de peças de roupa, conta com uma abordagem histórica, didática e realista. É um dos livros de moda mais recomendados para aqueles que se interessam em trabalhar no ramo.
3 – Moda e arte: Releitura no processo de criação, por Dinah Bueno Pezzolo
Mais uma obra da escritora, jornalista, fotógrafa e estilista-modelista Dinah Bueno Pezzolo, Moda e arte investiga a influência artística sobre o processo de criação dos estilistas.
Nesse sentido, o livro se distancia do pensamento de que a moda é uma indústria fria e rasa ao associá-la às referências, emoções, significados e complexidades das artes plásticas.
Ao explorar a paixão de Yves Saint Laurent por grandes mestres da pintura, a importância do impressionismo e o uso de diferentes técnicas artísticas na concepção de coleções de moda, a publicação atesta que roupas também podem ser obras de arte.
4 – O casaco de Marx: Roupas, memória, dor, por Peter Stallybrass
Ao contrário das narrativas documentais e de cunho didático dos outros livros desta lista, a obra do professor universitário Peter Stallybrass segue traços de filosofia e poesia.
De rápida leitura, o livro é composto por apenas três capítulos, cada um ensaio diferente. O primeiro é “A vida social das coisas: roupas, memória, dor”, um conto sensível e emocionante sobre como uma jaqueta deixa de ser uma simples roupa após a morte de seu dono, um amigo querido. A partir de um evento tão trágico, a peça se torna fonte de memórias e representação material de quem já se foi.
O capítulo que dá o título do livro explora a importância que as roupas têm na sociedade, em especial no que se diz respeito à desigualdade. Em meio a pobreza, Karl Marx penhorava suas roupas para conseguir sustentar a família, incluindo o tal casaco. Este item, no entanto, era a única coisa que deixava sua aparência respeitável o bastante para os ocupar espaços necessários que permitissem a continuação de seu trabalho.
O terceiro ensaio, “O mistério de caminhar”, evidencia a relevância dos sapatos até mesmo em grandes obras e momentos históricos. Édipo, da mitologia grega, foi encontrado ainda bebê com os pés amarrados e por isso ganhou o nome que significa “pés inchados”. Já na Segunda Guerra Mundial, usar os calçados certos era o mesmo que escapar de ferimentos e até da morte.
O casaco de Marx, portanto, não trata não sobre a moda como uma criatura que influencia movimentos sociais e um dos mercados mais lucrativos do mundo, mas a forma como as roupas têm papel importante na construção afetiva e simbólica do ser humano.
5 – 101 lições que aprendi na escola de moda, por Alfredo Cabrera e Matthew Frederick
Um dos principais livros de moda para estudantes, estilistas e outros profissionais – ou qualquer outra pessoa que queira saber como funcionam as engrenagens da indústria –, esse é um livro “mão da massa” que destrincha vários aspectos práticos da área.
Com lições sobre tendências, design, materiais, custos, produção, precificação, marketing, licenciamento e muitos outros tópicos importantes, os capítulos são concisos e fáceis de entender.
A escrita é leve e bem humorada, mas números estatísticos e exemplos reais mostram que moda é coisa séria.