Coquette: entenda a tendência

O enaltecimento da feminilidade, drama e romantismo que tomou conta do lado fashion das redes sociais

As últimas trends de moda que fizeram a cabeça de muita gente nas redes sociais têm nomes específicos, como tenniscore, cottagecore, Barbiecore, entre outros.

Por mais que não faça parte da família core, a hashtag coquette acumula milhões de visualizações, curtidas e compartilhamentos no TikTok, Pinterest e Instagram.

De acordo com o Merriam-Webster, um dos dicionários de língua inglesa mais tradicionais e renomados do mundo, coquette significa “uma mulher que se esforça, sem afeição verdadeira, para ganhar a atenção e admiração dos homens”. O Oxford, por sua vez, descreve a palavra como “uma mulher acostumada a flertar”.

Bebendo desses significados, a tendência coquette representa hiperfeminilidade, romantismo, dramatização e melancolia.

O que é e como surgiu a trend coquette?

O boom coquette surgiu recentemente nas redes, mas o termo já existe há tempos. No livro A Arte da Sedução, de 2001, o autor Richard Greene descreve uma série de arquétipos que fazem parte do amor e da conquista.

Ele descreve coquettes como “os grandes mestres do jogo, orquestrando um movimento de vai e vem entre esperança e frustração”. Considerado sedutor talentoso, esse arquétipo utiliza promessas de poder, prazer, fama e felicidade como isca para atrair seus alvos, mas são altamente elusivos. É justamente esse distanciamento que torna essas pessoas tão misteriosas e atraentes, porque são quase inalcançáveis.

Greene usa Joséphine de Beauharnais, imperatriz de Napoleão Bonaparte, como um exemplo de coquette. Sua dramaticidade e vaidade foram o que mais atraíram o militar francês. Mas apesar de sua clássica feminilidade, o livro destaca que o arquétipo também tem como base a independência – de ser quem quiser ser, de controlar as engrenagens de uma relação, de determinar quando as coisas devem começar ou terminar.

A tendência coquette das redes, portanto, bebe de diversas fontes. Do estilo Vitoriano, do rococó, das Lolitas – tanto a de Vladimir Nabokov quanto as versões japonesas –, do filme Maria Antonieta (2006; dir. Sofia Coppola), da série Bridgerton e até de Lana del Rey, no auge de sua enigmática era Born to Die

Há quem descreva a trend como girlcore (ou girlycore), isto é, tudo aquilo que é considerado feminino, delicado, sensível, adorável, meio old school e com uma pitada de consternação.

Todos esses ingredientes criam a receita perfeita para uma estética que faz os olhos das fashion girls da internet brilharem, principalmente aquelas que são parte da Gen Z. 

À BBC, a estilista e influenciadora Maree Ellard descreve o movimento como “uma visão quase nostálgica da infância feminina e da juventude, antes das coisas se tornarem complicadas”.

Ela também explicou um dos motivos para que o coquette faça tanto sucesso com a nova geração – algo que vai contra a definição dos dicionários. “Vivemos em um clima político em que a sexualização dos corpos femininos é muito visada. […] A Gen Z retruca e diz ‘Não me visto para você, me visto para mim. Mas isso não significa necessariamente cobrir cada centímetro do meu corpo’”.

Como tudo na moda, há quem adore e há quem torça o nariz, seja pelo estilo em si ou todos os seus significados. De qualquer forma, o coquette parece que não vai a lugar nenhum tão cedo.

Tendência coquette: elementos essenciais

Para criar um look coquette com potencial o suficiente para rivalizar com as maiores influenciadoras do TikTok, alguns elementos não podem faltar.

Cor-de-rosa

Como a tendência coquette se apoia muito em uma ideia vista como clássica sobre o que é visto como feminino, é claro que o rosa é a cor principal.

No entanto, não é qualquer tom que pode conversar com a estética. As variações de cor-de-rosa devem ser em tons pastéis, algo que represente delicadeza.

A paleta também pode incluir branco, azul, lilás e coral – desde que tudo seja pálido e clean.

Laços e fitas

A suavidade dos laços e fitas são itens importantíssimos na tendência, ainda mais se forem feitos de tecidos como seda ou cetim.

Vale incluí-los no cabelo, roupas, acessórios e sapatos.

Pérolas

As pérolas são conhecidas pela sua elegância e beleza, mas também são valorizadas pela exclusividade, já que as ostras demoram cerca de três anos para produzir as bolinhas.

Em relação aos significados de pedras preciosas, as pérolas representam feminilidade, delicadeza, pureza e amor. Ou seja, tudo o que compõe o coquette.

As pérolas favoritas são as tradicionais (brancas), mas as rosadas e champagne (uma espécie de bege pálido) também estão liberadas.

Renda e babados

Como a tendência coquette tem um quê de sensualidade, a renda ajuda a trazer certa maturidade sexy aos looks, mas que ainda combina com a plástica mais cute.

Ainda assim, a estética não é feita para femme fatales. Para equilibrar as coisas e trazer mais delicadeza, os babados são essenciais nas produções.

Sapatilhas

A tendência coquette é bastante comparada com o balletcore, que se inspira nas vestimentas das bailarinas. Cores suaves, laços, babados e itens hiperfemininos fazem parte de ambos.

Se o balé tem um símbolo absoluto, com certeza é a sapatilha. Claro que ninguém vai sair por aí com o mesmo calçado das bailarinas clássicas, mas existem modelos que são confortáveis e lembram o visual tradicional da dança.

Bônus se uma meia branca for usada junto com a sapatilha, para lembrar polainas no melhor estilo do filme Flashdance – Em Ritmo de Embalo!

Flores

A tendência não é conhecida pela complexidade ou inovação das estampas, já que o coquette segue uma linha mais clean, mas isso não significa que as roupas sejam todas lisas.

No geral, os florais são as estampas mais populares. O rosa é dominante, mas também é comum encontrar um pouquinho de verde, que representa as folhagens.