O legado de Sonia Delaunay na moda

Conheça as obras de Sonia Delaunay, uma das personagens mais importantes da arte e da moda

Alguns nomes vêm à mente quando se trata de mulheres influentes para a história da moda, como Coco Chanel, Elsa Schiaparelli, Mary Quant, Madeleine Vionnet, Liz Claiborne e Vivienne Westwood.

Sonia Delaunay pode não ser tão conhecida pelo grande público, mas deixou sua marca na indústria da moda e no mundo das artes, tornando-se uma das figuras mais importantes do movimento modernista e do avant-garde de Paris.

Quem foi Sonia Delaunay?

Nascida Sarah Illinitchna Stern, em 1885, Sonia vinha de uma família da classe trabalhadora do Império Russo – hoje território ucraniano.

Ainda criança, passou a morar com os tios abastados, Henri e Anna Terk, em São Petersburgo, na Rússia. Envolta por novas oportunidades, viajou pela Europa, conheceu museus e galerias, interagiu com vários artistas e mudou seu nome para Sonia Terk.

Seu talento para desenho já era percebido na adolescência. Com 18 anos, estudou na Academia de Belas Artes de Karlsruhe, na Alemanha. Aos 20, tornou-se aluna da Académie de La Pallete, em Paris.

No primeiro ano de faculdade, Sonia casou com Wilhelm Uhde, crítico de arte e dono de uma galeria. Isso permitiu com que ela se envolvesse na área ainda mais profundamente, mas a relação durou pouco.

Em 1910, aos 25 anos, casou-se com o artista francês Robert Delaunay e adotou seu sobrenome. Juntos, eles fundariam um dos movimentos mais importantes da arte.

Trajetória e contribuição para arte

Derivado do cubismo, fauvismo e divisionismo, o orfismo foi nomeado por Guillaume Apollinaire, um crítico de arte francês. Ele associou as cores vibrantes e linhas utilizadas por um grupo de pintores à maneira que Orfeu, músico, poeta e profeta da mitologia grega, usava notas musicais para criar composições abstratas e carregadas de emoção.

Os pioneiros desse movimento eram Franz Kupka, Robert Delaunay e a própria Sonia. Ainda que o casal tenha trabalhado em conjunto em estudos de cores que deram origem ao orfismo, seu marido sempre foi a figura mais associada ao movimento. Devido às configurações sociais da época, ela aceitou se afastar do reconhecimento público.

Mesmo assim, sua marca não se perdeu. Ela mergulhou no mundo de design de produto e de interiores, criando todo tipo de projeto além de pinturas, como lenços e guarda-chuvas.

Em 1964, teve suas obras expostas no Louvre, tornando-se a primeira mulher na história a conseguir tal feito. Até hoje, algumas obras de Sonia Delauney podem ser vistas no MoMa (The Museum of Modern Art), em Nova York.

Orfismo e revolução na moda

Em 1917, Sonia criou o figurino de Sergei Diaghilev, fundador da companhia Ballets Russes, em Paris, para a ópera Cléopâtre. Dois anos depois, procurava trabalho na indústria da moda. Após algumas rejeições, abriu sua própria empresa e passou a desenhar tecidos estampados e, posteriormente, vestidos.

Com foco em estamparia, seus designs coloridos e de combinações feitas com tons complementares (estampas simultâneas) conquistaram espaço na moda. Em 1920, Sonia confeccionou os chamados vestidos simultâneos, inspirados em um antigo trabalho de patchwork que fizera anos antes.

As roupas eram produzidas com seus próprios tecidos, vestindo até mesmo celebridades da época. Também expôs seu trabalho junto a grandes nomes da alta costura, como o estilista Jacques Heim, e na capa da Vogue, em 1925.

Sonia até mesmo criou fantasias para o carnaval carioca, em 1928. Os modelos “Banana” e “Serpentina” contavam com o colorido característico do orfismo. As roupas foram vendidas na Casa de Aladin, na Rua 13 de Maio, no centro do Rio de Janeiro.

Um ano depois, devido à Grande Depressão, encerrou o trabalho na moda e voltou para a pintura e as ilustrações publicitárias. Mesmo assim, o orfismo permaneceu e inspirou estudantes, principalmente quando Sonia deu aulas sobre a influência da pintura na moda, na Universidade Paris-Sorbonne.

É inegável que seu ápice fashion aconteceu na década de 1920. Em um cenário de purismo e cores sóbrias, ela mexeu com a moda de Paris ao introduzir roupas cheias de cores, estampas e formas geométricas.

Sua maior contribuição foi mostrar que a moda – e até mesmo a alta costura – poderia ser bem-humorada e alegre. Muitos especialistas do ramo atribuem a aceitação da indústria para roupas vibrantes, padrões dinâmicos e desenhos irreverentes, ao pioneirismo de Sonia.

Sonia Delaunay e a moda contemporânea

Sonia Delauney faleceu em 1979, mas seu trabalho perdurou, influenciando alguns dos mais respeitados designers da indústria.

O icônio vestido Mondrian, desenhado por Yves Saint Laurent em 1965, foi diretamente inspirado nas obras do pintor holandês Piet Mondrian, mas a influência de Sonia no que diz respeito à incorporação de cores vivas e formas geométricas no modelo é inegável. Se YSL sentiu que poderia usar pinturas desse estilo como inspiração, foi graças à posição precursora de Sonia.

Com o passar dos anos, a visão do orfismo foi reproduzida de diversas formas, como na colaboração da Louis Vuitton com a estilista japonesa Yayoi Kusama, na criação de peças com estampa de bolinhas (de 2012 e 2023).

O movimento também aparece em coleções de diversas casas, como Altazurra, Stella McCartney, Marine Serre, Giorgio Armani, Off-White, etc.

J.Chermann: coleção Rive Droite

A obra de Sonia Delaunay também vive na nova coleção outono-inverno da J.Chermann, a Rive Droite.

Traduzida como “margem direito”, esse termo é usado em Paris para se referir à parte norte da cidade, que fica do lado direito do Rio Sena. Unindo um elemento tão importante da cultura francesa às obras de Sonia Delaunay, nascem os nossos novos designs.

O trabalho da artista é percebido nas linhas, texturas e cores presentes em seus quadros. Isso é harmoniosamente mesclado à própria essência da J.Chermann, resultando em peças elegantes, práticas, confortáveis e ideais para qualquer ocasião.

A coleção foi pensada de forma democrática, permitindo que as roupas sejam usadas como conjuntos ou diante de diferentes combinações entre os itens que a compõem. 

Desta forma, você pode seguir nossa visão original ou colocar a criatividade para funcionar e brincar com as peças, aplicando bom humor e dinamismo à moda da mesma forma que Sonia Delaunay costumava fazer.