Moda dos anos 1950: entenda a história e influência atual

A moda dos anos 1950 marcou o uso de cores e estampas, o reinado da alta costura e a busca pela identidade do estilo brasileiro

O começo do século XX foi difícil para todos os setores por causa dos desafios da Primeira Guerra Mundial, incluindo a indústria da moda. Houve respiro nas décadas de 1920 e 1930, mas as coisas se tornaram ainda mais complicadas com os horrores da Segunda Guerra, que estourou em 1939 e terminou apenas em 1945.

A moda dos anos 1950 se destaca devido ao afastamento das grandes guerras e pelo momento econômico favorável, mas também pela criatividade de estilistas que promoveram verdadeiras revoluções, a influência das estrelas de cinema e os primeiros passos da autenticidade brasileira.

Cores e bom humor

A Segunda Guerra Mundial respingou suas consequências em todo o mundo, mas é claro que a Europa, núcleo dos conflitos, sofreu mais. Até mesmo Paris, naquela época já estabelecida como o epicentro da moda, foi afetada de maneira drástica quando tropas alemãs ocuparam a cidade entre 1940 e 1944.

Com isso, as prioridades em relação às roupas eram outras. No lugar de desenhos elaborados e extravagantes, o foco era em trajes de trabalho e vestes reforçadas para durar mais. Como os tecidos eram racionados, economizar era uma necessidade.

As roupas da época também eram mais simples no que diz respeito a design. As cores predominantes eram cinza, preto, branco, bege e tons escuros de azul e verde. A paleta seguia o sentimento de tensão e tristeza da guerra.

Nos anos 1950, com as coisas mais calmas, as cores tiveram um retorno triunfal ao guarda-roupa feminino. Tons pastéis e vibrantes, assim como estampas padronizadas (florais e bolinhas, por exemplo), se tornaram comuns.

Também havia espaço para o bom humor. As famosas saias de poodle e outras ilustrações faziam sucesso entre as mulheres, principalmente as mais jovens.

Alta costura

A década de 1950 é conhecida como a Era de Ouro da Alta Costura. Ao fim da invasão da Alemanha em Paris, a cidade começou a se reerguer e os estilistas puderam, finalmente, criar livremente.

Embora tenha sido elaborado em 1947, o New Look, da Dior, é atribuído como uma obra importantíssima da década seguinte. A criação era composta por cintura apertada, ombros delineados e saias rodadas até abaixo dos joelhos – a silhueta mais associada aos anos 50.

Christian Dior morreu em 1957. Quem assumiu as rédeas da casa foi seu querido e mais talentoso aprendiz, Yves Saint Laurent, naquela época um jovem de apenas 21 anos.

Apesar da pouca idade, entre 1958 e 1960, ele desenhou seis coleções para a Dior. Todas foram muito bem recebidas, com exceção da última, Souplesse, Légèreté, Vie, marcada por cores escuras, couro com textura de pele de crocodilo e gola alta. Todas essas características seriam vistas em sua própria marca homônima, que seria lançada em 1961.

Outros estilistas de alta costura também entraram em cena naquela época, como Cristóbal Balenciaga, Pierre Balmain, Hubert de Givenchy, Emilio Pucci, Pierre Cardin, etc.

O poder de Hollywood

As estrelas de Hollywood também tiveram grande influência na moda dos anos 1950. Naquele tempo, os filmes coloridos já eram normais no cinema, o que trazia ainda mais realismo e fascinação.

Marilyn Monroe, Audrey Hepburn, Grace Kelly, Jayne Mansfield, Lana Turner, entre outras estrelas, eram as principais inspirações para muitas meninas e mulheres.

Pela primeira vez, os homens eram vistos como verdadeiros ícones de moda. O look da vez era o visual bad boy composto apenas por jeans e camiseta. Marlon Brando usou roupas assim no filme Uma Rua Chamada Pecado (1951), assim como James Dean em Juventude Transviada (1955).

Moda dos anos 1950 no Brasil

Por muito tempo, a moda dos anos 1950 no Brasil apenas reproduzia o que acontecia na Europa e na América do Norte. A Casa Canadá, loja de artigos de luxo mais importante da época, trazia as maiores novidades para território brasileiro, mas a Segunda Guerra dificultou as importações.

Isso fez com que o país reunisse esforços para elevar a própria indústria têxtil. Devido à resistência dos compradores em relação aos produtos domésticos, a Casa Canadá teve papel importante na conquista de confiança e valorização da moda nacional. As soluções foram organizar desfiles, aumentar a produção de alta costura e fazer encomendas prêt-à-porter.

Outro ponto importante é que as roupas de países do Norte Global não eram adequadas ao clima tropical do Brasil. Os maiores designers brasileiros da época, como Clodovil Hernandez, Guilherme Guimarães e Dener Pamplona, tomaram como missão criar uma alta costura geograficamente apropriada, com tecidos leves e estampas vivas.

Enquanto os leitores de outros países tinham as revistas Vogue e Harper’s Bazaar – que chegaram ao Brasil apenas em 1975 e 2011, respectivamente –, os brasileiros buscavam informações de moda na revista Fon Fon, criada no Rio de Janeiro em 1907. Gil Brandão foi o principal ilustrador e modelista da publicação a partir de 1951.

Ele também trabalhou no Jornal do Brasil de 1959 a 1967, encabeçando as seções de moda “O modelo da semana”, “Aprenda a costurar” e “Escolha seu modelo”.

Já o ilustrador Alceu Penna, responsável pela estética de Carmen Miranda, assinava a coluna “As Garotas do Alceu”, da revista O Cruzeiro. Seus croquis serviram como inspiração para pessoas de todo o país, especialmente as costureiras, que reproduziam os desenhos na vida real. 

Além de servirem como o pontapé inicial para o boom de popularidade de impressos do gênero, essas publicações também trouxeram uma identidade própria à indústria brasileira. Esse foi o começo do afastamento das réplicas europeias, da originalidade do estilo nacional e da democratização da moda no Brasil.