Quiet Luxury: entenda a tendência
O “luxo silencioso” é discreto, mas simboliza poder e atemporalidade
Nos últimos tempos, o lado fashion da internet foi inundado por tendências com estéticas muito marcantes e específicas.
O Y2K, por exemplo, é caracterizado pela moda dos anos 2000. O Barbiecore é praticamente todo cor-de-rosa, seguindo a plástica da boneca mais famosa do mundo. Já o balletcore se inspira nas roupas das bailarinas profissionais, incluindo itens como tutu, collant, sapatilha e polaina.
Caminhando na contramão das trends chamativas, o quiet luxury é discreto e cheio de seriedade, mas vem chamando atenção nas redes e nas passarelas.
O que é quiet luxury?
Traduzido como “luxo silencioso”, esse estilo segue a valorização de peças sofisticadas e de altíssimo padrão, mas sem alarde e extravagâncias.
O quiet luxury pode ser definidado como uma versão moderna do minimalismo. Não há cores vibrantes, estampas vistosas ou até mesmo logotipos muito expostos.
Roupas desse tipo são relativamente básicas, mas claramente elegantes e de alta qualidade. Suas características principais são versatilidade, durabilidade, atemporalidade e praticidade.
Maja Dixdotter, Diretora Criativa da grife By Malene Birger, afirma que, em sua visão, luxo é sinônimo de qualidade, sinergia e despoluição. “Acredito que a sensação de luxo nasce em algum tipo de harmonia – harmonia na paleta de cores, em diferentes texturas e formas. Um lar ou visual parecem luxuosos quando respiram um estilo limpo”, disse à revista Elle.
Embora o conceito de quiet luxury não seja algo exatamente novo, se tornou mais relevante nos dias atuais devido ao cenário socioeconômico geral. Eventos como a pandemia, alta inflação e conflitos políticos impulsionam um cuidado maior com os gastos.
Mesmo quem não se afeta tanto com essas coisas adotam uma postura diferente. Diante de problemas tão significativos, ostentar de maneira desnecessária não é uma prática vista com bons olhos.
Isso é compensado pela qualidade das roupas. Mesmo que uma peça não seja evidentemente de marca X ou Y, ou tenha detalhes que chamam atenção, o que mais importa são questões como tecido, modelagem, costura, design e estrutura geral das peças.
E se a roupa tem qualidade, consequentemente tem vida útil muito maior.
Quiet luxury e slow fashion
O fast fashion é um sistema de produção têxtil focado na fabricação em massa, apelo às principais tendências do momento, procedimentos velozes e materiais e mão de obra baratos.
Para suprir a alta demanda e acompanhar a velocidade das trends populares, não há preocupação em relação à sustentabilidade, direitos trabalhistas e qualidade das roupas.
O slow fashion, por sua vez, é exatamente o contrário. Sua organização tem produção de menor escala, mas prioriza materiais de qualidade, técnicas sustentáveis, diversidade, valorização a problemáticas sociais e boas condições de trabalho.
Tudo isso contribui para uma indústria muito mais justa e responsável, além de preservar a integridade da moda.
O quiet luxury é associado ao slow fashion porque funciona a partir de exclusividade e durabilidade. A confecção de uma roupa desse tipo é muito mais ética, cuidadosa e única, o que contribui para a percepção de requinte e status.
Na TV e nas passarelas
Ao que tudo indica, o principal motivo para a popularidade do quiet luxury é a série Succession, da HBO, cuja trama gira em torno dos irmãos Roy, que disputam entre si para assumir o legado bilionário de Logan (Brian Cox), o patriarca.
Todos os membros da família seguem o luxo silencioso, mas a personagem que mais se destaca é Shiv (Sarah Snook), a única irmã.
Seu guarda-roupa é focado principalmente em alfaiataria, com blazers, vestidos modestos, blusas de gola alta, camisas e calças sociais. Ela usa Tom Ford, Stella McCartney, Altuzarra e Max Mara, mas nunca deixa óbvio que está vestindo algumas das marcas mais prestigiadas da indústria.
Na paleta, nada de tons vibrantes. Preto, branco, cinza e bege são as cores que a personagem mais usa em todos os episódios.
Shiv é um bom exemplo de quiet luxury. Ela é abastada e influente, mas não faz questão de exibir seu status de maneira exagerada. Seu estilo de vida e sobrenome fazem isso por conta própria, sem que ela precise fazer qualquer esforço.
Na vida real, várias marcas investem na discrição e elegância. Mesmo as casas de luxo mais tradicionais, com estéticas muito bem estabelecidas no mercado – como Gucci, Saint Laurent e Chanel –, lançam peças que se encaixam nesta linha.
Também há grifes mais novas que chamam atenção. A The Row, marca de luxo fundada pelas gêmeas Mary-Kate e Ashley Olsen em 2006, é um grande player do gênero.
Mesmo as peças mais singelas, como camisetas tradicionais e até chinelos de dedo, ganham o selo da mais alta qualidade e sofisticação, tornando-se verdadeiros itens de luxo.