Tweed: um clássico da moda

O tweed é um tecido sofisticado e atemporal que atravessa gerações. Conheça sua origem e veja algumas dicas de como incorporá-lo no seu estilo pessoal!

O tweed é um dos tecidos mais icônicos da moda, eternizado por grandes marcas e estilistas.

Conhecido por sua textura diferenciada e aparência sofisticada, o material aparece em blazers, saias, vestidos e até acessórios, garantindo elegância em qualquer look.

Saiba mais sobre a trajetória do tweed e como incorporá-lo ao seu estilo!

A história do tweed e sua evolução na moda

Apesar da associação com roupas sofisticadas e luxuosas, o tweed tem origens humildes. Por vários anos, camponeses escoceses e irlandeses usaram o tecido grosso para se proteger da chuva insistente e do cortante frio europeu enquanto trabalhavam nos campos.

O tecido de padronização sutil feito manualmente a partir da lã de ovelhas locais é uma parte importante da cultura da Escócia desde o começo do século XVIII. Na época, o tweed era tingido com líquen (fungo liquenizado) e flores silvestres.

O nome “tweed” foi, na verdade, um acidente. Em 1826, o rótulo de tweel (termo escocês para sarja), feito por um comerciante escocês, foi mal interpretado quando chegou a uma chapelaria em Londres. A confusão foi por conta do Rio Tweed, localizado na região fronteiriça entre a Escócia e a Inglaterra.

Tweed e tartã

Pouco tempo depois, graças ao descobrimento de corantes mais brilhantes e novas rotas ferroviárias entre os dois países, as cidades escocesas de Hawick e Galashiels se tornaram referências têxteis, com dezenas de fábricas produtoras de tweed.

No século XIX, era comum que aristocratas ingleses comprassem ou alugassem propriedades na Escócia para passar férias e organizar encontros de caça, pesca e tiro.

Para enfrentar o frio e a chuva, casacos de tweed eram quase obrigatórios. Nas Terras Altas, os chefes dos clãs escoceses forneciam roupas para os novos moradores. O problema é que as peças eram estampadas com o tartã, xadrez típico escocês que leva as cores de cada clã.

Como os recém-chegados não tinham o direito de usar o manto dos clãs, foi criado o estate tweed, com padronagens e paletas diferentes das que já existiam. Era como um tartã “universal”, que também servia como uma ótima estratégia de camuflagem para que os caseiros das propriedades pudessem trabalhar no campo com mais segurança.

Incentivo real

Em 1848, o Príncipe Albert, consorte da Rainha Vitória, comprou o Balmoral, um castelo nas Terras Altas.

Para se inteirar nos costumes da região, mas ainda respeitar os limites culturais – já que seria ofensivo que um membro da família real usasse o tartã de algum clã –, ele encomendou o design de Balmoral, um padrão novo e exclusivo de xadrez. Cinza e com detalhes em azul e vermelho, o material foi fabricado em tweed para caça de veados.

Outros proprietários seguiram o exemplo do casal real e encomendaram os seus próprios estate tweeds, o que gerou uma espécie de tradição que perdura até hoje.

É justamente essa ligação com a posse de terras e a nobreza que criou a noção de elegância e requinte ao material.

Mas com o passar do tempo, o tweed foi se tornando mais democrático. Nos anos 1900, atletas e a classe média londrina tinham o tecido – agora com ainda mais variações de estampa – como uma constante em seus guarda-roupas.

Coco Chanel e a introdução do tweed na alta-costura

Em 1924, Coco Chanel lançou o primeiro casaco de tweed da sua casa. A inspiração vinha diretamente do vestuário masculino, mais precisamente de Hugh Grosvenor, o Duque de Westminster, seu amante. Ela tinha o costume de usar as roupas dele porque gostava da maciez, proteção e sofisticação do tecido.

Um ano antes de lançar a peça icônica, a designer contratou uma fábrica escocesa para a produção de tweed destinado a roupas esportivas, ternos e jaquetas. As cores eram inspiradas nos campos da Escócia, e ela frequentemente levava punhados de terra e folhas aos produtores têxteis.

O primeiro modelo era consideravelmente modesto, mas pavimentou o caminho para que o tweed se tornasse marca registrada da Chanel e um dos tecidos mais nobres e cobiçados do mundo.

A tendência foi rapidamente abraçada pelo público, especialmente após a atriz norte-americana Ina Claire ter sido fotografada para uma revista usando um conjunto da nova coleção.

Na década de 1930, o sucesso fez Coco Chanel transferir a fabricação de seu tweed para o norte da França. A partir dessa época, ela começou a experimentar mais, combinando o tecido com diferentes tipos de materiais, incluindo seda, algodão e até celofane. Em 1954, chegou o Tailleur Chanel, composto por casaco e saia.

Até hoje, o tweed é um dos carros-chefe da Chanel, sendo confeccionado no lendário ateliê Maison Lesage, em Paris, desde 2002.

Em grifes como Ralph Lauren e Vivienne Westwood, o tecido também é muito presente – com destaque especial para o pied de poule.

Usando tweed no dia a dia

Sofisticado e cheio de história, o tweed é versátil o bastante para ser incorporado no dia a dia – mesmo em looks casuais.

A beleza desse material é a sua capacidade de transformar qualquer visual simples em algo muito mais elevado e elegante. A combinação com jeans, por exemplo, é prática e rápida, mas muito estilosa.

Quem gosta de cor pode apostar em modelos em paletas de fogem dos clássicos preto, cinza e marrom. Verde, azul e cor-de-rosa, geralmente em versões pastéis, são lindos e hiperfemininos.

Para ainda mais praticidade, os conjuntinhos são ótimas opções, já que não é preciso quebrar a cabeça para encontrar as peças que harmonizam melhor. Dependendo do modelo, vale calçar tênis, sandálias, salto altos ou sapatos baixos tipo Oxford.

Seja para trabalhar, comparecer a um evento importante, almoçar com os amigos e a família ou aproveitar um encontro romântico, o tweed é a alternativa perfeita para deixar o visual mais bonito e requintado sem muito esforço.